Manifestantes
da Rio+20 ocupam vias do Centro e dão um nó no trânsito
Índios entraram nos jardins do prédio do BNDES para protestar contra fundo de investimento da Amazônia. Mais cedo, mulheres percorreram ruas do Centro.
RIO - Duas manifestações deixaram o trânsito bastante complicado no
Centro do Rio, desde o início da manhã desta segunda-feira. Após a marcha
realizada por mulheres que participam da Cúpula dos Povos, índios contrários ao
Fundo da Amazônia seguiram em passeata até o BNDES, que financia investimentos
na região. O cacique Werakwaray, do Espirito Santo, informou por volta das 14h
que uma comissão de 12 indígenas conseguiu negociar com autoridades do banco.
Os índios, de diversas aldeias do Brasil, já deixaram o local em
grupos. Eles seguiram pela faixa da direita da Avenida Rio Branco, em direção
ao Aterro do Flamengo, onde ocorre a Cúpula dos Povos. O trânsito não foi
interrompido. Eles passaram pela Cinelândia e atravessaram a Avenida Beira Mar.
O retorno foi ordeiro. No caminho, em todos os cruzamentos de ruas e avenidas,
os manifestantes sacudiam chocalhos e apontavam lanças para os motoristas
abrirem caminho para os grupos. Os índios percorreram as ruas do Centro dando
gritos de guerra.
Quando os índios chegaram ao BNDES, seguranças fizeram um cordão de
isolamento na entrada principal do prédio. A porta do edifício da Petrobras, do
outro lado da rua, também foi fechada para evitar a entrada dos manifestantes.
O representante dos Arariboias, Bentilho Jorge, disse que eles
esperavam ser recebidos por algum representante do BNDES.
- A gente espera ser recebido pelas lideranças do BNDES, pois
precisamos protestar contra o Fundo Amazônia e a PEC 215, que se for aprovada
não vai permitir mais que sejam demarcadas nossas terras - afirmou.
Mulheres também fizeram marcha pelo Centro do Rio
Mais cedo, uma manifestação de mulheres da Cúpula dos Povos causou
um nó no trânsito. Por volta das 11h30m, a pista lateral direita da Avenida
Presidente Antônio Carlos foi fechada pela marcha das mulheres no sentido
Candelária. Para minimizar os impactos no trânsito, as faixas do sistema BRS
foram temporariamente liberadas ao tráfego para todos os veículos. Os reflexos
da passeata chegaram às avenidas Presidente Antônio Carlos e Beira Mar,
Presidente Vargas, na altura da Rua de Santana, Viaduto do Gasômetro e Elevado
da Perimetral.
Segundo organizadores do evento, cerca de 5 mil mulheres de 60
organizações participaram da manifestação. A Polícia Militar, entretanto, ainda
não informou o número de protestantes. Por volta das 12h15m, elas se instalaram
no Largo da Carioca, junto com outros movimentos populares. Antes de chegar ao
Largo, manifestantes percorreram a Rua da Assembleia e, por isso, a Avenida Rio
Branco ficou temporariamente interditada nesse trecho. A manifestação acabou
por volta das 13h, na altura da Avenida Almirante Barroso. Segundo informação
dos militantes, cerca de dez mil pessoas participaram.
De acordo com uma das organizadoras da Marcha das Mulheres e
representante da via campesina, Adriana Mesali, o objetivo do movimento não era
parar a cidade, mas chamar atenção para a reinvidicação dos movimentos.
— A gente não quer perturbar a vida de ninguém, mas em algumas
situações é necessário ocupar as ruas para que a cidade perceba a luta dos
movimentos sociais. Não adianta ficar concentrado somente no Aterro do Flamengo
— disse Adriana, que é uma das principais lideranças femininas no campo.
Uma das líderes do movimento, Schuma Schumacher disse que a ideia é
chamar a atenção do governo.
— Queremos mostrar que um documento baseado no livre mercado não
será a solução. Não há solução ambiental sem solução social e enfrentamento da
pobreza. É por isso que estamos lutando — falou.
A ecóloga Thais Moraes veio de Belo Horizonte especialmente para a
Marcha. Aos 23 anos, ela fez barulho tocando um latão pela legalização do
aborto:
— As mulheres precisam ter o direito de fazer o que quiserem com
seu corpo. Por isso que faço barulho.
Já a funcionária pública Ana Cristina Serafim, de 44, veio com outras
40 mulheres de Fortaleza em defesa pela liberdade. Para ela, ser livre signifca
não ser alvo de violência doméstica e possuir um trabalho digno.
— Mulher tem prazo de validade. Depois dos 40, a vida fica mais
difícil.
As principais reinvidações são a campanha contra a economia verde,
contra a proibição do aborto e em favor da liberdade do corpo. Leila Tavares,
da Marcha Mundial das Mulheres afirmou:
— Estamos aqui para dizer não à economia verde, não à
mercantilização dos recursos naturais e do nosso corpo.O grupo deixou o Museu
de Arte Moderna (MAM) em direção ao Largo da Carioca pela Avenida Beira-Mar,
que apresentou lentidão no tráfego.
A Manifestação das Mulheres por Justiça Social Ambiental Contra a
Mercantilização da Vida em Defesa dos Bens Comuns tem participação de
representantes do Movimento Sem Terra (MST) e feministas. Os manifestantes
seguiram para a Avenida Beira Mar até o MAM, onde se juntaram a outro grupo de
mulheres. Elas vão fazer o seguinte trajeto: Avenida Presidente Antonio Carlos,
Rua da Assembleia, Largo da Carioca.
Devido à manifestação, outras vias em direção ao Centro tiveram
problemas na manhã desta segunda-feira. A Radial Oeste apresentou lentidão com
reflexos na Avenida Marechal Rondon. Já o congestionamento na Avenida Francisco
Bicalho e Rodrigues Alves afetou a Ponte Rio-Niterói, que teve lentidão em toda
a sua extensão e congestionamento nas saídas para o Elevado da Perimetral e
para a Rodoviária Novo Rio. Operadores da CET-Rio e guardas municipais seguem
orientando o tráfego.
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