Aguardando julgamento há 24 meses, portador do vírus HIV e
abandonado por colegas de cela. Esta dura realidade é vivida por um preso de 32
anos que está custodiado na Casa de Detenção de Natal, mais conhecida como
Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes, na zona Norte de Natal.
O homem, que terá identidade preservada, pode ser facilmente
avistado logo na entrada daquela unidade prisional, em uma ala onde existem
três celas. No entanto, o detento vive no corredor da ala a maior parte do
tempo deitado, sem roupa e usando uma garrafa pet com
água como travesseiro.
De acordo com o agente penitenciário Amaral Silva, o preso
chegou a ser conduzido para um tratamento no Hospital Giselda Triguêiro, mas o
comportamento agressivo e ameaçador fez com que a direção do hospital
determinasse que o paciente fosse tratado dentro do presídio. Contudo, a falta
de estrutura do sistema prisional impediu que o detento recebesse o divido
cuidado médico.
"Ele foi abandonado pelos próprios companheiros de
cela. Ele não tem família e só conta com a nossa ajuda que muitas vezes damos a
ele algum tipo de atenção, como banho e até mesmo com remédios", contou o
agente.
Estima-se que 20% da população carcerária do Estado precisa
de algum tipo de tratamento médico, mas acaba não recebendo devido a ausência
de políticas que preencham esses espaços vazios há mais de 20 anos. Em uma das
celas da mesma ala onde se encontra o detento soropositivo, outro preso pediu a
atenção à reportagem do Portal BO e disse em alta voz: "Aqui não é o
inferno. Jamais o diabo ousaria entrar por esses portões".
Fonte: sosnoticiasdorn
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